Breve histórico de "Bino"
Setembrino Pinto, o “Bino”, nasceu em Quaraí, no dia 22 de setembro de 1922. Começou sua carreira de futebolista na década de 1930 onde destacou-se como jogador de futebol, ponta-esquerda, no Brasil, de Quaraí. Logo transferiu-se para Santana do Livramento para o Esporte Clube 14 de Julho, onde jogou por mais 17 anos, destacando-se como atacante.
No E.C. 14 de Julho, foi o maior jogador de sua história, onde acabou ficando conhecido como “Homem-Gol” por ter marcado mais de 500 gols com a camisa rubro-negra. Ele passou rapidamente pelo Ponte Preta, de São Paulo e no Santos, do mesmo Estado.
O E.C. 14 de Julho rendeu-lhe muitas homenagens, onde sempre, em toda sua vida esteve muito presente, até porque morava a poucas quadras do clube. A Sala de Troféus do 14 foi batizada em sua homenagem, com o nome de Setembrino Pinto. Ele faleceu aos 84 anos, em Santana do Livramento, após quatro paradas cardíacas.
Bino
Por Helio Dachi
Quando adentro o estádio João Martins dirijo o olhar para o muro que fica atrás da goleira dos fundos onde esta escrita a memorável frase dita pelo saudoso, e um dos maiores craques do leão da fronteira: “O 14 de julho é a minha vida”.
Sim, Setembrino Pinto o ídolo rubro negro “BINO” num momento de inspiração e amor ao clube que defendeu com galhardia e soberania por 17 anos.
Marcando certamente mais de 500 gols, traduziu todo o espírito de um desportista que se identificava com a torcida quatorzeana e ao time do coração.
Não tive o privilegio de vê-lo jogar,mas os relatos e testemunhos dos que acompanharam sua carreira dizem tudo.
Que bom seria se hoje tivéssemos 11"Binos" no “Leão da Fronteira”, esse time que com 110 anos ainda tem a jovem força de rugir na fronteira.
À Garra e à Glória de um Grande Jogador
Por Luciano
Conheci um cidadão fora do comum que foi grande em seus áureos tempos, tão grande que o seu reinado durou quase três décadas, e que sobreviveu para contar sua história e curtir sua glória até os 84 anos de idade.
Pois eu tive a honra e o privilégio de conviver com esse valoroso cidadão em seus últimos dias, e de, em sua companhia e de amigos como Júlio Reinecken, Dr. José Brilhante Nagipe, do também ex-craque Amarante Penteado Duarte e do Dr. Zuil Pujol, conversarmos, sentados a uma mesa do "Bar e Confeitaria Iglu".
E adivinhávamos nele uma espécie de profunda gratidão por ter chegado aos 80 anos. Em sua morada, a algumas quadras do estádio do 14 de Julho, os fãs, amigos e ex-companheiros o visitavam com freqüência, talvez pelo prazer que sentiam em estar na presença de um ser quase divino, pela curiosidade de admirar seus troféus e fotografias, de que possuía um acervo fantástico.
E ouvi-lo relembrar os grandes lances de sua carreira profissional como extraordinário atleta que foi e os episódios que vivenciou em sua trajetória, desde o Brasil, de Quarai, sua terra natal, sua passagem e experiência em dois grandes times brasileiros, até a sua permanência, por 17 anos, no 14 de Julho, de Santana do Livramento.
Afora isso, oriundo de uma época em que se jogava por puro prazer e idealismo, como era o seu caso e o do Amarante, e em que muitos jogadores tinham paralelamente a sua profissão, sobrevivia agora com uma modesta aposentadoria, falava com ternura e carinho de sua esposa, filhos e netos, e passava a maior parte do tempo entregue a suas recordações e se perguntando por que ainda tinha a graça de permanecer vivo, enquanto muitos de seus companheiros já haviam partido para o "Oriente Eterno".
Talvez tivesse que cumprir por mais algum tempo a sentença, a formalidade e o compromisso de vestir um terno, camisa e gravata para mais uma fotografia que representasse a glória de ser lembrado como um dos maiores ídolos vivos remanescentes do nosso futebol. Mas isso muito pouco o seduzia, senão como uma forma de apenas contribuir com a história, porque de sua parte, ele mesmo dizia, já cumprira sua missão neste mundo.
Assim era Setembrino Pinto, o nosso querido e saudoso "Bino", cuja ternura e humildade talvez não representassem já no final da vida o “Leão” que fora em campo, o grande herói da torcida rubro-negra nas décadas de 30, 40 e 50, em que a garra, a glória e a fama se identificavam e confundiam com a garra, a glória e a fama do seu próprio time, o Esporte Clube 14 de Julho, também denominado o “Leão da Fronteira”.
No ano do seu 88º aniversário de nascimento, três anos depois de sua morte, eu quero homenagear, com esta crônica, a memória desse ídolo maior do nosso futebol, que deixou entre nós uma legião de amigos e admiradores.
Lembranças de um grande craque
Zuil C. Pujol.
Da Academia Santanense de Letras.
Nasci no ano de 1938. Desde 1946 torço pelo Esporte Clube 14 de Julho. Naqueles tempos, quando guri, pulava os muros dos estádios ou entrava de carona com a patrulha da Brigada Militar, para não pagar o ingresso e para ver o meu time jogar.
Sou do tempo do "Pantera", do Irulegui, do "Barão" e, naturalmente, do "Bino". Outro dia, ainda era verão, estive conversando, no "Bar e Confeitaria Iglu", com o "Bino". Nos lembramos de jogos memoráveis como os do Vasco da Gama contra um selecionado do 14 de Julho e do Grêmio Futebol Santanense e do Penãrol de Montevideo, com Máspoli, Obdúlio Varela, Ghigia e tantos outros Campeões do Mundo de 1950.
Falamos do Barbosa, do Chico e do Ademir Menezes (o célebre “Queixada”) que jogavam no Vasco. Eram tempos memoráveis aqueles e, naturalmente, tempos de ver o "Bino" jogar, o nosso melhor ponteiro esquerdo de todos os tempos.
Naturalmente que o "Bino" ficou contente com as minhas lembranças. Mas como não lembrar daqueles tempos em que eu tinha um cérebro de criança que gravava tudo o que via, lia ou ouvia?
Nessa reunião de todas as tardes no "Iglu", prometi ao Júlio Reinecken uma crônica falando do "Bino" e do nosso encontro. A crônica foi ficando na promessa até que li nesse jornal, no dia 27 de Junho, a homenagem que o 14 de Julho prestou ao "Bino", dando seu nome, Setembrino Pinto, a Sala dos Troféus do clube que ele defendeu com tanta eficiência e amor. Homenagem justa para um jogador que sempre defendeu as cores do 14 de Julho e que agora, como eu, lembra com saudades daquele tempo.
Esta crônica escrevi tempos atrás. Agora, dia 4 de Janeiro de 2007, o "Bino" faleceu. Uma perda lamentável para Livramento e para o mundo esportivo. À família minhas condolências.
Lembro até hoje uma formação do 14 de Julho, da qual estão vivos apenas dois jogadores da época. Deixo-a aqui como uma homenagem ao "Bino", que jogou contra os famosos Vasco e Peñarol de 1950, num combinado do 14 e do Grêmio Santanense. A formação do 14 era a seguinte: Pantera - Neri e Irulegui – Venceslau - Cacho e Zapata – Laxixa – Horácio – Bica - Barão e Bino.
Abaixo algumas fotos do Álbum de Recordações de "Bino", publicadas no blog www.fronteiradapaz.com.br Pena que não tenham identificação. Se algum leitor puder nos ajudar identificando alguma foto, ficaremos agradecidos.
"Bino" e o saudoso cantor Nélson Gonçalves, que também era filho de Santana do Livramento.
Ex-atletas do E.C. 14 de Julho, homenageados na festa dos 100 anos do clube. "Bino" é o segundo, da esquerda para a direita.
"Bino" frente as equipes de Juniores do Grêmio Portoalegrense e 14 de Julho, no jogo comemorativo do centenário do clube.
"Bino" homenageado pela direção do E.C. 14 de Julho.
"Bino", com a camisa do 14 de Julho, no jogo comemorativo aos 100 anos do clube.
Um comentário:
Na foto em estão vários garotos, também tem um segurando uma placa, parece que era jogo em Bage. O guri em em pé no meio é o Silvio Loreto, e sentado de boné, eu (Dennison, o Dê) e do meu lado com a mão na boca o Sérgio Ribeiro (Sé), meu primo.
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