sábado, 15 de fevereiro de 2014

A "Macaca" campineira


Ponte Preta, o segundo time mais velho do Brasil

O ano era 1900 e, na cidade de Campinas, um grupo de alunos do "Colégio Culto à Ciência" passava suas tardes jogando bola em campos improvisados de um bairro de nome curioso: "Ponte Preta". A vizinhança fora batizada em virtude de uma ponte de madeira feita pela ferrovia e que, para ser melhor conservada, havia sido tratada com piche.

Os jovens alunos que naquele dia 11 de agosto resolveram fundar um clube não tiveram dúvidas ao nomeá-lo com o mesmo nome do bairro. Ali surgia a Associação Atlética Ponte Preta, o segundo clube do Brasil em funcionamento ininterrupto (o mais velho do Brasil é o S.C. Rio Grande, da cidade gaúcha de Rio Grande) e dono da maior torcida do interior do país. Os fundadores e patronos da AAPP foram : capitão João Vieira da Silva , Theodor Kutter, Hermenegildo Wadt e Nicolau Burghi.

Ao longo do tempo, a Ponte Preta fortaleceu o futebol regional e tornou-se um dos grandes clubes brasileiros, gozando do reconhecimento internacional pela formação de atletas que marcaram época.

Galeria de troféus. (Foto: Arquivo da A.A. Ponte Preta)

Ônibus do clube. (Foto: Arquivo da A.A. Ponte Preta)

2014. (Foto: Arquivo da A.A. Ponte Preta)

2013. Campeã do Interior. (Foto: Arquivo da A.A. Ponte Preta)

2013. (Foto: Yahoo)

2012. (Foto: Arquivo da A.A. Ponte Preta)
Torcida da Ponte Preta. (Foto: futeboldecampo,.net)

2011. Acesso ao Brasileirão. (Foto: Arquivo da A.A. Ponte Preta)

2011. (Foto: Ernesto Rodrigues/Agência Estado)

2009. (Foto: Picassa/Web)

2000. (Foto: Arquivo do clube)

1997. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

Foto:Arquivo da A.A. Ponte Preta)

1977. (Foto: Arquivo de Joaquim Brandão)

1976. (Foto:Acervo fotográfico da Unicamp)

1971. (Foto: Arquivo de Joaquim Brandão)

1970. (Foto:Arquivo da A.A. Ponte Preta)

1969. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

1969. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

1969. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

1959. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

1958. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

1958. Em pé: Bruninho - Nino - Wilse - Derém - Vilela e Pitico. Agachados: Hélio Santos (massagista) - Nélsinho - Paulinho - Airton - Bibe e Ênio. (Foto: httpfutebolemfotos.blogspot.com.br)

1951. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

1951. Time de Basquete. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

1950. Torcida ponte-pretana. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

Década de 1950. Torcida ponte-pretana. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

Década de 1950. Torcida ponte-pretana lotando o estádio. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

1948. Campeão juvenil. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

1944. (Foto: Blog do Ari)



Naquela época a faixa transversal era contrária dos dias atuais. (Foto: Wikipédia)

1941. Carteira antiga de associado. (Foto: Arquivo da A.A. Ponte Preta) 

1929.  

1929. Estadio Júlio de Mesquita. Em 1927 a Ponte Preta começou a mandar seus jogos no estádio da Avenida Júlio de Mesquita, projetado pelo engenheiro Lix da Cunha. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

Local onde se localizava o Estádio Júlio de Mesquita. Ainda pode ser vista a amurada do velho estádio. Algo ficou da passado. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

1915. Estádio do Hipódromo era utilizado pela Pontes Preta desde 1906. Na década de 1920 houve a fusão com a Associação Athlética Campinas, e com a compra do patrimônio deste clube, a Ponte Preta passou então a utilizar o estádio da Avenida Julio de Mesquita no bairro do Cambuí, que ainda estava inacabado. E a partir de 1928 todas as sedes do clube passaram a ser neste estádio que ficava na Chácara Irmãos Bierrenbach. 

Diante da crise mundial de 1929, a Ponte Preta sofreu uma grande decepção em sua história, sendo obrigada a entregar o estádio para se livrar das dívidas contraídas. E a partir de 1933 voltou a realizar seus jogos novamente no campo do Hipódromo, arrendado pelo Jockey Clube. (Foto: (Foto: Pró-Memória de Campinas)

1915. Anúncio. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

Década de 1910. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

1912. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

1909. Um dos primeiros times da Ponte Preta e já contava com um negro. Em pé: Zico Vieira (primeiro presidente) - Dante Pera - Amparense - Wath e Luis Afonso (fiscal de linha). Agachados: José Jacomelli - Tonico Campeão e Zé Duarte. Sentados: Moraes - Lilli - Lopes - Dito Aranha e Quinze.s(Foto: Pró-Memória de Campinas)

Miguel do Carmo, nascido em 10 de abril de 1885, era funcionário da Companhia Paulista de Estradas de Ferro entre 1898 até 1925, registro 6.551, aposentado como guarda de trem , terceira classe. Foi jogador do primeiro time da Associação Atlética Ponte Preta em 1900. 

Primeiro Time da Ponte Preta : Lima, Silvio, Oliveira, Aranha, Rodolpho Hartmann, Carlos Vieira, Fogaça, Ricardo Hartmann e Miguel. Segundo Time da Ponte Preta : Young, Dicto, Osvaldinho, Augusto Vieira, J.Scott, Burghi, A.Scott, Tonico, Walter, Largon, Tilimann.

O primeiro time da Ponte Preta congregava jogadores que residiam no Bairro da Ponte Preta , região marcada pela presença de operários, ferroviários, mascates e imigrantes. Os jogadores formavam uma autêntica “ democracia racial “, com imigrantes alemães, austríacos, portugueses , ferroviários brancos, mulatos e negros. (Fonte: pontepretano.com.br)

1900. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

O surgimento do clube está diretamente ligado ao crescimento da cidade de Campinas. Em 1870, deu-se início à construção da ferrovia paulista, indo de Jundiaí a Campinas. A instalação dos trilhos requisitava a construção de uma ponte. 

A ponte era de madeira, e para melhor conservação, tratada com piche. Assim, enegrecida, surgiu a Ponte Preta. A partir daí, a região em torno da ponte virou o Bairro da Ponte Preta, em 1872.

Foto do século XIX, da Ponte de madeira que deu nome ao bairro e ao clube campineiro. (Foto: Wikipédia)

O ESTÁDIO MOISÉS LUCARELLI

O estádio Moisés Lucarelli foi inaugurado oficialmente em 12 de setembro de 1948, mas sua história começou antes disso, quando os amigos Olímpio Dias Porto, José Cantúsio e Moises Lucarelli reuniram dinheiro para comprar um terreno onde sonhavam construir um grande estádio para o seu time.

A pedra fundamental do estádio foi lançada em 13 de agosto de 1944. Os engenheiros responsáveis pelo projeto foram Alberto Jordano Ribeiro, Eduardo Badaró e Mário Ferraris. No dia 7 de setembro de 1948 foi realizada a inauguração parcial do "Majestoso" em "Missa Campal", e, no dia 12 de setembro, a inauguração oficial do Estádio que recebeu o nome do patrono "Moisés Lucarelli".

Torcida comparece em massa. (Foto: Joaquim Brandão)

Estádio Moises Lucarelli (Foto: Sérgio Tadeu de Carvalho)

1950. Estádio ainda sem a fachada. (Foto: Wikipédia)

1948. (Foto histórica: Pró-memória de Campinas)

Moysés Lucarelli na construção do estádio. O sonho pontepretano de construir seu próprio estádio de futebol começou a ser perpetuado pelas mãos de um dos principais dirigentes da história do clube: Moisés Lucarelli, o homem que uniu toda uma cidade em torno do objetivo de construir o “Majestoso”, hoje um dos maiores palcos do esporte da bola em todo o Brasil.

Nascido em Limeira, no dia 4 de Fevereiro de 1900, Moisés Lucarelli mostrava-se dinâmico e acima de tudo um apaixonado pelo clube, ao aceitar o desafio de erguer o estádio. Conseguiu, depois de muitas dificuldades com as irrisórias contribuições provenientes da venda de títulos de sócios.

Na época o futebol não apresentava ainda características empresariais. Para que os trabalhos fossem acelerados e executados ao seu gosto, Lucarelli insistia em fiscalizar os operários no próprio local das obras. Durante a construção, desrespeitando as recomendações médicas, chegava a permanecer 10 horas por dia sob o sol, o que eliminou em pouco tempo cerca de 40 por cento da sua capacidade visual, através de úlcera nas córneas.

Moisés Lucarelli, que jamais negou seu amor pela cidade e pela Ponte Preta, aos 17 anos iniciava sua história no clube, um time de apenas "11 camisas", como era chamada pejorativamente a equipe campineira. Logo assumiu o cargo de cobrador da associação que possuía cerca de 40 sócios. Aos poucos fez esse número crescer para que a Ponte pudesse se manter em pé. 

Em 1922 assumiu a secretaria e, em 1930, tornou-se o homem mais importante do clube: foi um diretor sem pasta, mas sempre disposto a trabalhar e jamais deixou de alimentar o seu maior sonho, o de construir um estádio, a chamada casa da Ponte Preta. Ele nunca chegou ao cargo de presidente, porém marcou a história como nenhum outro que tenha ostentado a "faixa" no peito.

Moisés jamais escondeu um outro orgulho como dirigente de futebol: junto com Roberto Gomes Pedroza e Gerolamo Ometo, entre poucos outros, foi criador da “Lei de Acesso” no futebol paulista, em 1947, medida pioneira no futebol brasileiro e que foi implantada a partir de 1948.

Em 1960 mesmo percebendo que a Ponte estava descendo para uma divisão inferior, ele pregou com sua autenticidade a manutenção das regras. Aos amigos no clube, disse que no dia em que a “Lei do Acesso” terminasse, o futebol do interior iria morrer. Por isso a Ponte desceria de divisão e teria de lutar para retornar ao grupo principal.

Em 11 de setembro de 1975, quando a Ponte completou seu “Jubileu de Diamante”, o comerciante e industrial aposentado - era proprietário de uma fábrica de fogões - Moisés Lucarelli, concedeu uma de suas ultimas entrevistas ao “Correio Popular”. Faleceu dia 24 de março de 1978 na cidade de Campinas, aos 78 anos, e foi enterrado no “Cemitério da Saudade”. (Fonte: Wikipédia)

Herma em bronze sobre um pedestal de granito picotado. O busto foi feito pelo escultor Lélio Coluccini e inaugurado no dia 11 de Agosto de 1960. Situa-se no interior do Estádio Moisés Lucarelli. (Foto: Pró-Memória de Campinas)

Conselheiro Moises Lucarelli e outros. (Foto: Pró-Memória de Campinas)


Colocação da primeira nesga de grama do "Majestoso". (Foto: pontepretano.com.br)

Em 1945 começaram as obras de terraplanagem do terreno. Foi decidido que o estádio teria capacidade para 30 mil torcedores. O ano de 1946 marca o fim das obras de terraplanagem e início da construção do estádio. A Ponte Preta ainda adquiriu mais uma área de 2.600 metros quadrados para a construção das arquibancadas gerais e também a pista de atletismo, esta última exigência do Governo de São Paulo,

que também contribuiu com verbas para a construção do estádio, em prol do esporte amador. Também em 1946 foi criada uma Comissão Pró-Estádio, que visava obter fundos para a continuidade das obras de construção do Estádio da Ponte Preta. Destaque para a “Campanha  do Tijolo”, quando houve uma doação em massa de comerciantes para a Ponte Preta,com mais de 35 caminhões em desfile pela cidade, que parou para ver esse gesto formidável  e inesquecível.

1947 marcou a fase final de construção do estádio, com promoções para o torcedor, com o objetivo de manter o caixa para a finalização das obras. Houve também uma grande campanha para a venda de cadeiras vitalícias, com o mesmo propósito. Desta que a ser mencionado foi a “Campanha do Cimento”, quando quantidade suficiente para a finalização das obras foi garantida. (Texto e foto: Unicamp)

Médico doutor De Angelis, presidente da Diretoria do clube, tendo a sua esquerda o industrial José Cantúsio, presidente da Comissão Pró-Estádio, e a direita o industrial Moisés Lucarelli, cercados de outros mentores. (Foto: Jornal "Campinas Esportiva)

Torcedores trabalhando na construção do Estádio. (Foto: Wikipédia)






Construção do estádio. (Fotos: Unicamp)

Caravana dos 250 mil tijolos. Algumas campanhas que mereceram destaque na época foram a arrecadação, junto aos torcedores, de cerca de Cr$ 250 mil no ano de 1944 e a "Campanha dos Tijolos", que arrecadou 250 mil tijolos em apenas dois meses no ano de 1946. 

O começo das obras, depois da aquisição do terreno e terraplanagem do mesmo, aconteceu em 1948, e já nesse ano, foi disputada a primeira partida, mas com o estádio inacabado. Contudo, o término do estádio aconteceu somente no ano de 1960, quando ele passou a ter a fachada que perdura até hoje.

Foi o fim de um período de grande movimentação popular em favor do clube, algo de que poucas agremiações no mundo podem se orgulhar.

JOGADORES IMPORTANTES

André Cruz. (Foto: Arquivo da A.A. Ponte Preta)

Dario Gigena. Ele caiu nas graças da torcida quando fez três gols pela Ponte Preta em um Dérbi, no dia 11 de Outubro de 2003, na vitória da Macaca por 3 X 1. O argentino, além de quebrar um tabu em pleno estádio rival, foi comemorar com a torcida da Ponte Preta usando uma mascara de macaco e ainda imitou galinha em tom de provocação aos bugrinos.

Oscar. (Foto:Arquivo da A.A. Ponte Preta)

Rildo. (Foto:Arquivo Joaquim Brandão)

Washington. (Foto: Arquivo da A.A. Ponte Preta)

Mineiro. (Foto: Arquivo da A.A. Ponte Preta)

Dicá uma das maiores lendas da história do clube. (Foto: Arquivo da A.A. Ponte Preta)

HINO

Em 1970 o time retornou a Divisão Especial e tornou-se uma sensação em todo Estado, tornando-se campeão do primeiro turno. Foram anos de grande recuperação do prestigio futebolístico. E para comemorar o sucesso, em 1971 a Diretoria da Ponte Preta organizou um grande concurso para a escolha de um hino oficial.

Foram fixados diversos cartazes, como o acima, pela cidade. As inscrições foram realizadas no Departamento de Imprensa do clube, no estádio Moisés Lucarelli. No dia 3 de setembro de 1971, no "Teatro Castro Mendes" foi realizado o grande concurso. A apresentação ficou a cargo da jornalista Bety Rodrigues.

Foram sete músicas finalistas. A que mais agradou a platéia que lotava o teatro, foi “Avante Ponte Preta“, de autoria da professora Maria Aparecida Mota Aguiar e interpretada pelo cantor José Américo. E foi escolhida como hino oficial.

Hino Oficial Velho

Autora: Maria Aparecida Motta de Aguiar

Avante, Ponte Preta, avante!
Avante, que a bola é nossa!
Avante, Ponte Preta, avante;
Que nós queremos a vitória!
O jogador pontepretano;
é forte, brioso e valente.
Reflete no seu porte altaneiro;
A fibra do bom campineiro!
O teu passado foi de glória!
Teu nome está na nossa história!
Avante, Ponte Preta!
Avante, Ponte Preta!
Que nós queremos mais uma vitória!

Logo após vencer o concurso , surgiu uma grande polêmica envolvendo a letra da música. Levantou-se a possibilidade que boa parte da letra era cópia de uma música de Nélson Gonçalves. A polêmica ganhou enorme repercussão quando o cantor Jair Rodrigues recusou-se a gravá-la, após as denúncias de plágio.

O hino envolvido em fortes e intensas polêmicas acabou não tornando-se popular, e aos poucos uma música composta pelo compositor e jornalista Renato Silva, "Raça de Campeã", foi tornando-se de agrado dos torcedores. Essa composição foi feita para a "Torcida Jovem", e em 1977 acabou conquistando o gosto da massa ponte-pretana. em 1979 tornou-se o hino oficial do clube.

Hino Oficial Atual

Autor: Renato Silva

Estandarte desfraldado
preto e branco é sua cor
Ponte Preta vai pro campo
prá mostrar o seu valor
Ponte Preta inflamante
Ponte Preta emoção
Ponte Preta gigante
raça de campeão
Seu estádio é o Majestoso
seu nome uma glória
Ponte Preta sempre sempre na derrota ou na vitória
És amada Ponte Preta
Orgulho de nossa terra
Ponte Preta de paz
Ponte Preta de guerra
 Ponte Preta de paz
Ponte Preta de guerra.