quarta-feira, 28 de março de 2012

O Campeonato Sul-Americano de 1919

A disputa do III Campeonato Sul-Americano deveria acontecer em 1918, no Rio de Janeiro. Mas a epidemia de gripe espanhola, que matou milhares de pessoas, adiou para o ano seguinte a sua realização.

A realização do III Campeonato Sul-Americano de Futebol, na cidade do Rio de Janeiro, em 1919 foi então coroada de êxito. A convocação dos jogadores, horários de treinos marcados com antecedência, tudo foi feito de maneira organizada para os padrões da época.

A comissão técnica escolhida pela então CBD (Confederação Brasileira de Desportos) era formada pelos jogadores Amílcar Barbuy e Arnaldo Silveira (capitão), além de Mário Pollo, Affonso de Castro e Ferreira Vianna Netto.

Em sua estréia, o Brasil venceu o Chile pelo placar de 6 X 0. O Estádio das Laranjeiras, que segundo os cálculos dos seus engenheiros só atingiria a lotação de 25 mil espectadores dentro de algumas décadas, ficou pequeno.

Além da lotação esgotada, quase 10 mil espectadores assistiram à partida em cima de uma pedreira ou em árvores e muros, ou seja, de qualquer lugar em que pudessem observar os movimentos dos jogadores.

Na segunda partida, os adversários foram os argentinos. A Seleção Brasileira deu um verdadeiro show de bola e venceu por 3 X 1.

Veio a partida contra os uruguaios, que jogavam de luto pelo falecimento do seu goleiro Roberto Cherry, durante operação causada por um choque com um atacante chileno durante a competição. A partida terminou empatada em 2 X 2. O destaque da partida foi o atacante Neco, que levou a Seleção ao empate após estar perdendo por 2 X 0.

Foi necessária a realização de uma partida de desempate entre os uruguaios e os brasileiros. O jogo aconteceu no dia 29 de maio e se tornou um marco na história do nosso futebol.

O governo decretou ponto facultativo nas repartições públicas, os bancos e as principais casas comerciais ficaram fechados. Para se ter uma idéia, o jogo estava marcado para as 14 horas, mas às 9 horas já tinha gente chegando ao Estádio das Laranjeiras. A partida terminou empatada em 0 X 0, no seu tempo normal.

Veio a disputa da prorrogação. A partida continuava equilibrada, com lances de perigo acontecendo a todo instante. Fim da prorrogação e o placar não se alterou.

Por mais incrível que possa parecer, houve necessidade da segunda prorrogação de 30 minutos. Os jogadores, extenuados pelo desgaste físico e emocional, se arrastavam em campo.

Aos 3 minutos, Neco invade pelo lado direito perseguido por Foglino, já quase na linha de fundo cruza para Heitor, que chuta para o gol. Saporiti defende parcialmente, a bola cai nos pés de Friedenreich, que fuzila a meia altura e a bola morre no fundo das redes.

No segundo tempo, as equipes se arrastaram sem nada produzir. O Brasil era campeão sul-americano, e Friedenreich foi transformado em herói nacional. Ganhou o apelido de “El Tigre” por parte dos uruguaios. (Fonte: CBF News)

Premiação no Campeonato Sul-Americano de 1919.
Seleção brasileira que venceu o Campeonato Sul-Americano de 1919: Píndaro - Sérgio - Pereira - Fortes - Amílcar - Bianco - Marcos - Milton - Heitor - Arthur Friedenreich - Neco e Arnaldo.
Seleção uruguaia, que disputou o título do Campeonato Sul-Americano de 1919, frente o Brasil.
Vista geral do Estádio do Fluminense, durante a partida entre Uruguai e Brasil pelo Campeonato Sul-Americano de 1919.
Na final do Sul-Americano de 1919, 1 X 0 sobre o Uruguai.
Início do ataque brasileiro que resultou no gol de Arthur Friedenreich, garantindo a vitória sobre o Uruguai.
Defesa do goleiro uruguaio que foi muito solicitado durante todo o jogo.
Cena do jogo entre Brasil e Uruguai pelo Campeonato Sul-Americano disputado no Estádio das Laranjeiras em 1919.
Saída do Brasil, na partida decisiva do III Campeonato Sul-Americano de 1919.
Empate de 2 X 2 com o Uruguai.
Seleção argentina no Campeonato Sul-Americano de 1919: Mattozzi - Martinez - Castagnola - Isola - Reys - Usleghi - Colonino - Izaguirre - Clark - Bicheto e Perinetti.

Lances do jogo Brasil 3 x 1 Argentina.
Primeiro gol brasileiro na partida com a Argentina, pelo Campeonato Sul-Americano de 1919. Heitor marcou aos 3minutos e 54 segundos.
Lances do jogo Brasil 6 X 0 Chile, no Sul-Americano de 1919.
Sequência de fotos do Estádio do Fluminense, no Camponato Sul-Americano de 1919.

segunda-feira, 26 de março de 2012

O craque do humorismo


Tragédia na TV brasileira: 209 mortos

Por Aurélio de Oliveira - Jornalista - Publicitário - Escritor - Vídeomaker

De uma só tacada, 209 pessoas morreram tragicamente na tarde de 23 de março no Hospital Samaritano do Rio de Janeiro. Todas elas habitavam, há muito anos, o privilegiado cérebro do mais talentoso e criativo artista já surgido na televisão brasileira: Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho ou, simplesmente, Chico Anysio.

Aliás, ao me referir a Chico Anysio, é muito difícil escrever “simplesmente”... porque sua arte, enquanto humorista, ator, dublador, escritor, compositor e pintor, era completa, complexa e, não raro, atingia as raias da perfeição.

Ao remexer os destroços dessa tragédia, vamos encontrando, uma a uma, essas figuras impagáveis que fizeram rir e divertir pelo menos duas gerações de brasileiros.

O primeiro que nos surge é o reconhecido ator Alberto Roberto que, se vivo estivesse, se recusaria a gravar uma entrevista.

“Não ga-ra-vo!” diria ele “Mas devo te dizer pra você que, como eu, ele era um símbalo sescual. Também... com aquela penca de filhos...”

O radialista e apresentador de TV Roberval Taylor, outra vítima desse triste acontecimento, talvez começasse anunciando: “Morreu, pela primeira vez,...“ e depois terminasse usando o seu bordão: “Roberrrrrrrrval Taylor”!

Outra vítima, Salomé, a velhinha de Passo Fundo, a essas horas já está tomando um chimarrão com seu amigo pessoal General Figueiredo.

Já Pantaleão inventaria mais uma mentira deslavada sobre esse desastre e completaria: “É mentira, Terta?”

Coalhada, o craque fajuto, não saberia o que aconteceu e diria: “Joguei mal até no banco de reservas...”

Seu Popó, Coronel Limoeiro, Qüem-Qüem, Azambuja, Lingote, o deputado Justo Veríssimo, Bento Carneiro...

Agora lá vão eles... em fila, em direção da eternidade, atrás de seu patriarca, do verdadeiro mestre do humor, da piada pura e da gargalhada fácil. O primeiro da fila talvez seja o “amado guru”, o “inefável mestre” Professor Raimundo que, certamente e para alegria dos anjos, abrirá sua escola no céu.

Bem disse Jô Soares: Dizem que ninguém é insubstituível... mas Chico Anysio desmente esse aforismo!”

É verdade... dificilmente surgirá no cenário artístico nacional alguém como Chico Anysio. Era um orgulho nosso, um patrimônio, que nos deixa de luto e órfãos do verdadeiro humorismo!


Homenagem da S.E. Palmeiras

No jogo de 0ntem (domingo) contra o Corinthians, o Palmeiras homenageou Chico Anysio, um de seus torcedores mais ilustres. Os jogadores entraram em campo com as camisetas contendo nas costas, os nomes de alguns dos personagens criados pelo “craque do humorismo.

Confira os personagens que foram homenageados:
Deola: “Chico Anysio Eterno”
Bruno: “Quem-quem”
Cicinho: “Tim Tones”
Artur: “Zé Tamborim”
Juninho: “Nazareno”
Leandro Amaro: “Tavares”
Henrique: “Azambuja”
Maurício Ramos: “Meinha”
Márcio Araújo: “Profeta”
Marcos Assunção: “Professor Raimundo”
João Vitor: “Justo Veríssimo”
Chico: “Lobo Filho”
Valdivia: “Divino”
Carmona: “Bozó”
Patrik: “Popó”
Maikon Leite: “Sudênio”
Barcos: “Pantaleão”
Fernandão: “Alberto Roberto”
Ricardo Bueno: “Coalhada”

Abaixo a homenagem do nosso blog, com fotos de alguns dos personagens criados por Chico Anysio. Fotos: Acervo de Chico Anysio.

Raimundo Nonato Nepomuceno, o professor Raimundo, dedicou sua vida ao magistério e deu aula para muitas pessoas famosas.
Washington. Washington Castro é um líder estudantil rebelado contra qualquer regime, defensor do comunismo.
Urubulino. Sujeito pessimista e agourento, que sempre acredita que tudo dará errado. Usa cartola e casaca pretas, assemelhando-se a um urubu.
Tim Tones. O pastor Timothy da Silva atrai a atenção (e as moedas) de milhares de seguidores, mas não passa de um pilantra.
Tavares. Altino Belo Tavares da Cunha é um malandro carioca que vive bêbado. Casou-se com a rica e feiosa Elisabeth, a qual é chamada por ele de Biscoito (Zezé Macedo).
Silva, o terror das mulheres. Onestaldo Veridiano da Silva é um caixeiro-viajante, natural da Paraíba. Apesar de ser feio, é muito assediado pelas mulheres.
Santelmo. Santelmo dos Anjos é um crédulo e honestíssimo cidadão, incapaz de contar uma só mentira. É bastante dedicado à sua mulher, Dona Dadivosa.
Salomé. Foi professora do presidente e se orgulha muito disso. Durante o mandato, Salomé se vê no direito de ligar para ele e fazer sérias cobranças.
Roberval Taylor. Principal locutor de Chico City, dedica poesias para as mulheres. Foi também um dos apresentadores do “Jornal do Lobo”.
O Profeta. Jesuíno é um profeta de voz grave e pausada, com cabelos e bigodes brancos e compridos, que ensinava seus provérbios.
Popó, o velho ranzinza. Apolônio Trufas de Pandolé — museólogo aposentado, ranzinza, que afirma ter 364 anos de idade.
Pantaleão. Aposentado, Pantaleão Pereira Peixoto gosta de ficar na cadeira de balanço na companhia de Dona Terta, sua esposa, e de Pedro Bó.
Painho. Ruy de Todos os Santos é um pai-de-santo homossexual, nascido na Bahia. Pessoas importantes da sociedade sempre requisitam os serviços de Painho para que ele fale do futuro através dos búzios.
Nazareno. Funcionário público, ele só quer saber de destratar a devotada esposa.
Lord Black. Luiz Fernando é um frequentador da vida noturna que sempre entra em confusão por causa de sua namorada Pretória (Marilu Bueno/Stella Freitas). Mas de dia ele é mecânico e se chama Gamação.
Justo Verissimo. Deputado federal pernambucano, seu ponto forte é a habilidade em roubar dinheiro público.
Jovem. Jovelino Venceslau dos Santos é estudante universitário e adora confrontar os valores dos adultos.
Haroldo, o machão. Haroldo P. Brazão é um personal trainer homossexual que sempre tenta, em vão, retornar à condição de heterossexual.
Coalhada, o craque incompreendido. Um dos grandes sucessos do futebol nacional, o jogador Otávio Arlindo Antunes do Nascimento, mais conhecido como Coalhada, já fez gols por diversos times do país.
Cascata. Armando Cascata é um palhaço que faz dupla com seu filho Cascatinha (Castrinho). O quadro fez tanto sucesso que Cascatinha, cujo bordão era “Meu pai-pai!”, apresentou o programa Balão Mágico e quadros próprios em outros programas humorísticos.
Bozó. Apesar de ninguém ter confirmado e a empresa negar, Sérgio Dias Magalhães Marinho jura que trabalha na Rede Globo.
Bento Carneiro. Apesar de não ser tão importante quanto o Conde Drácula, Valdevino Bento Carneiro é o vampiro brasileiro.
Baiano. Sátira ao cantor baiano Caetano Veloso. Integrou o conjunto Baiano e os Novos Caetanos.
Azambuja, o malandrão. Carioca malandro profissional, Maurício Azambuja aprendeu tudo o que sabe na escola da vida.
Alberto Roberto. O galã não dispensa a rede no cabelo e o lenço ao pescoço, figurino que leva as fãs à loucura.