terça-feira, 7 de janeiro de 2014

E.C. Metropol, de Criciúma (SC)


Monumento em homenagem ao E.C. Metropol. (Foto: Panorâmio)

Em frente ao estádio, Madureira encontrou o ex-zagueiro e amigo Flásio. (Foto: João Lucas Cardoso)

Madureira foi um dos jogadores que marcaram época com a camisa do lendário Metropol, clube que foi uma espécie de meteoro do futebol catarinense entre 1960 e 1969. O motivo de tanta emoção foi reviver mentalmente o que passou no estádio do clube, entre 1964 e 1967. 

Desde que deixou o time, vendido ao Grêmio, não tinha pisado novamente na grama do ex-Estádio Euvaldo Lodi, hoje nomeado João Estevão de Souza. Saiu do Rio de Janeiro para comparecer no casamento de um sobrinho, filho do irmão e ex-companheiro de time Édson Madureira, e para ter diante dos olhos o que ainda resta do local em que comemorou vitórias e glórias.

Uma viagem que foi além de voltar quase cinco décadas no tempo. No local que era a casa da equipe em que marcou 62 gols em 115 partidas, reencontrou um velho amigo, de time e bola, o ex-zagueiro Flásio.

Ele era jogador-mineiro. Trabalhava na min pela manhã, extraindo carvão e treinava à tarde. Quando chegava para treinar, dava para ver só os olhos dele. Vinha todo sujo de carvão. Estava pretinho. Tinha que tomar banho antes de treinar.

2013. Ex-jogador Madureira visita o estádio do E.C. Metropol. (Foto: João Lucas Cardoso)

O ex-jogador Frazão, remexendo em velhas fotos do E.C. Metropol. (Fotos: Arquivo pessoal do ex-jogador Frazão)

2013. Ex-zagueiro Frazão, concedeu entrevista a Rádio Difusora AM 910, de Criciúma. (Foto: Repórter Hugo Ronchi)

Camisa, faixas e flâmula do E.C. Metropol, na exposição. (Foto: Engeplus Noticias)

2013. Troféus do E.C. Matropol, na exposição. (Foto: Engeplus Noticias)

Memorial do E.C. Metropol. (Foto:Milena dos Santos - DECOM)

2013. Bola na exposição do E.C. Metropol. (Foto: Milena dos Santos - DECOM)

2013. Exposição do Memorial de Troféus que compõem o acervo do E.C. Metropol. (Foto: Milena dos Santos - DECOM)

A história do E.C. Metropol, de Criciúma (SC) foi contada durante exposição realizada no Ginásio do bairro, na "Semana Nacional de Museus". O time mais vitorioso da cidade e do Estado, foi criado na década de 60 com o objetivo de abafar uma greve de mineiros e aproximar empregados e patrões através do esporte.

Para o presidente da "Fundação Cultural de Criciúma", Sérgio Luiz Zappelini, o time do E.C. Metropol foi um ícone para cidade de Criciúma e até mesmo para o Estado. “Foi o primeiro clube catarinense a se destacar como “o clube de Santa Catarina”, já que pessoas de todas as partes do Estado torciam pelo time. O clube elevou o nome da cidade de Criciúma para o Brasil e para o mundo”. 

O material que esteve exposto, já se encontrava no próprio ginásio. Ali estão guardadas taças conquistadas em campeonatos, flâmulas, medalhas e até mesmo um quadro esculpido de um atleta do clube que se suicidou por ficar fora de um jogo da equipe. Com a criação do clube os outros times da cidade se profissionalizaram.

O zagueiro da equipe na época, Flázio Campos, disse que o time era um sucesso por onde passava. Flázio chegou ao E.C. Metropol com 16 anos. Veio para trabalhar nas minas e começou a jogar. Atuou ao lado de grandes atletas como Rubão, Tenente, Nilzo entre outros. Quando o time foi a Europa, em 1962, muitas pessoas achavam que iria envergonhar o país, mas foi ao contrário. 

Na volta o E.C. Metropol foi recebido com festa. O time jogava para ganhar sempre, os atletas não pensavam no dinheiro, até porque trabalhavam em minas de carvão. .
  
De acordo com a professora de história da "Escola Filho do Mineiro", Cleusa Crispim, que foi uma das responsáveis pela busca de materiais para a exposição, a viagem internacional da equipe iniciou no mês de abril e levou os jogadores a aventuras inesquecíveis. 

Em uma das mais extensas apresentações do futebol brasileiro na Europa, o E.C. Metropol viajou 63,5 horas de avião, 78 horas de trem, 13 horas de navio e 126 horas de ônibus. O time visitou cinco países, Espanha, Suíça, Alemanha, Dinamarca e Romênia.

Segundo dados do jornalista da delegação, Hilário de Freitas, foram 23 partidas, com 13 vitórias, seis empates e quatro derrotas. O time marcou 53 gols e sofreu 35, com um saldo positivo de 18 gols. Elário foi o artilheiro da excursão com 17 gols, seguido de Nilzo, com 8 e Hélio, 7 Marcio, Pedrinho, Arpino e valdir, marcaram quatro gols cada, Paraná fez 3 e Sabiá, 2.

Os jogos do E.C. Metropol na excursão: 01-05 – Em Lá Coruña (Espanha), Metropol 2 X 2 Deportivo La Coruña; 06-05 -  Em Elche (Espanha), Metropol 0 X 5 Elche; 13-05 – Em Zurique (Suíça),  Metropol 1 X 1 Grasshopper; 16-05 – Em Zurique (Suíça), Metropol 2 X 0 Dubbendorf; 20-05 – Em Zurique (Suíça), Metropol 4 X  2 Dubbendorf; 25-05 – Em Hoff (Alemanha), Metropol 1 X 1 Bayern Hoff; 28-05 – Em Berlim (Alemanha), Metropol 2 X 1 Hertha Berlin; 05-06 – Em Nikobing (Dinamarca), Metropol 3 X 1 Nikobing; 08-06 – Em Aalborg (Dinamarca), Metropol 6 X 4 Aalborg; 11-06, em Aarhus (Dinamarca), Metropol 2 X 2 Aarhus; 13-06 - Em Copenhague(Dinamarca), Metropol 2 x 2 A.G.F.;14-06, em Odense (Dinamarca), Metropol 3 X 1 Odense; 17-06 – Em Flemburg (Alemanha), Metropol 5 X 0 Flemburg; 28-06 – Em Cluj (Romênia), Metropol 0 Xx 3 Stiinta; 01-07, Bistritza (Romênia), Metropol 2 X 0 Bistritza; 04-07 – Em Oradea (Romênia), Metropol 3 X 2 CSO Crisana; 07-07, em Tergo Murer (Romênia), Metropol 0 X 0 Tergo Murer; 10/07, em Plaesti (Romênia), Metropol 1 X 3 Petrolul; 13/07 – Em Hunedoara (Romênia), Metropol 4 X 2 Hunedoara; 16/07 – Em Simpia Turzii (Romênia), Metropol 1 X  1 Ind. Sermei; 19/07 – Em Satu Mare (Romênia), Metropol 1 X 0 ASM Dinamo; 22/07 – Em Baia Mare (Romênia), Metropol 1 X 3 CSO Baia; 25/07 – Em Sibiu (Romênia), Metropol 6 X 1 CSM Sibiu e em 28-07, em Cravoia (Romênia),  Metropol 3 X 0 Craiova. Na volta ao Brasil, o E.C. Metropol recebeu o “Diploma Carta Azul”, condecoração dada pela CBD, pela vitoriosa campanha na Europa.

Junior César de Oliveira, que também foi um dos responsáveis pela exposição, relembra de um fato contado pelos jogadores durante a passagem da equipe pela Romênia. Os jogadores foram surpreendidos quando uma noiva interrompeu seu casamento para tirar uma foto ao lado do goleiro Rubão. Segundo o goleiro a cena aconteceu, pois a moça nunca tinha visto um homem negro. Eles comentam ainda que o primeiro mês foi de muita festa, mas que com o passar do tempo à situação foi ficando ruim. 

2011. Antigo ginásio de esportes do Metropol, todo remodelado. (Foto: Arquivo fotográfico da Prefeitura Municipal de Criciúma)

Estátua em tamanho real de Otávio Bolognini, ex-zagueiro do E.C. Metropol. Toninho Pepé, que esculpiu em madeira a obra, foi um santeiro muito conhecido no bairro Metropol. A estátua de Bolognini foi descerrada na reinauguração do antigo estádio Euvaldo Lodi (hoje denominado João Estevão de Souza), em 28 de maio de 1961, na partida entre Metropol x Flamengo. Os cariocas, com o “Canhotinha de Ouro Gerson”, derrotaram a equipe dos mineiros por 5 X 1. (Foto: João Pedro Alves)

1966. (Foto: Arquivo fotográfico da Prefeitura Municipal de Criciúma)

Anos 60. Dite Freitas, patrono do Metropol comemora uma conquista do time. (Foto: Arquivo fotográfico da Prefeitura Municipal de Criciúma)

Anos 60. O atacante Madureira comemora um gol. (Foto: Arquivo fotográfico da Prefeitura Municipal de Criciúma)

1964. Metropol na VI Taça Brasil. (Foto: Arquivo fotográfico da Prefeitura Municipal de Criciúma)

1964. Em pé: Pedrinho - Nem - Édson Madureira - Gibi - Amilton e Rubens. Agachados: Calita - Madureira - Edésio - Milton e Volnei. (Foto: Portal Panorama)

1962. Tri-campeão catarinense. (Foto: Guia dos Curiosos)

1962. (Foto: Blog "Que fim levou", de Milton Neves)


1962. Delegação do E.C. Metropol, em Nova Iorque, esperando o momento de embarque para a Europa, onde realizou uma excursão que teve duração de 100 dias. (Foto:Arquivo pessoal do jornalista Hilário de Freitas)

1960. Estádio do Metropol. (Foto: Arquivo fotográfico da Prefeitura Municipal de Criciúma)

1957. (Foto: Coleção de Rodrigo Borges Francisco)

Time do E.C. Metropol em um álbum de figurinhas, sem a data. (Foto: Arquivo do ex-jogador Frazão)

5 comentários:

catarina disse...

parabéns pelas reportagem feitas até o momento.Guando criança,torcia de coração por este time, eu era e ainda sou um apaixonado por este querido bairro de Criciúma, que emprestou o nome para o time de futebol. Este time e o bairro marcaram para sempre a minha vida pois, guando criança, ia assistir aos jogos do metropol e já adulto,não perdia um carnaval neste clube. Meus melhores momentos de minha juventude foi dentro deste ginásio. Fui jogador do E.C.União e fiz algumas partidas já com o veterano flazão. hoje moro em Brasília DF, mas nunca esqueci este time e este bairro. Genesio Motta--15/05/2015.

Antônio Rozeng disse...

Oi Nilo. Bela apanhado este seu sobre o Metropol. Mas sobre o Flamengo, o Metropol perdeu por 5 a 0, e não por 5 a 1, conforme o relato.

Eu sou o rapaz que aparece ao lado da estátua do Bolognini.

grande abraço

Unknown disse...

Olá, a estátua é de Orival Bolognini, irmão de Octávio

Unknown disse...

Tive um Tio, Elpidio Figueiredo , que foi mineiro, e goleiro do Metropol.
artur.debem@hotmail.com

Aristides Leo Pardo (Tide) disse...

Tenho interesse em comprar o livro “Histórias que o tempo esqueceu: a trajetória do EC Metropol” de autoria de José da Silva Júnior, lançado em 1997. Caso alguém tenha essa obra, entrar em contato pelo Email ou Waths App (42) 99957-0770,